Por entender que mais do que uma data
comemorativa o Dia das Mães seja uma data "lembrativa", ou seja, uma data que
deve ser usada para lembrar a importância do que a originou, resolvi aproveitar
o dia de hoje para lembrar a importância da mãe. E a maneira que
escolhi para fazê-lo é espalhando uma inesquecível passagem do livro Vida de Meditação, de Ken Gire. Uma passagem onde o autor apresenta alguns trechos de duas entrevistas com uma famosa cantora, compositora, atriz, dançarina
e ídolo da música pop. O livro foi publicado nos EUA em 1998, no Brasil em 2001, é o mesmo de onde tirei a história O Velho Vendedor de Cebolas e de onde ainda tirarei mais coisas. Enfim, um livro que vale a pena
ser lido. Dito isto, segue a passagem selecionada.
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Estou pensando agora em Madonna. Todos a
conhecem. A cantora, ídolo da música pop.
A garota rebelde da MTV. Todos sabem quem ela é. A ex-esposa de Sean Penn.
Desbocada quando é entrevistada na televisão. Todos sabem. Ela é estrela de
cinema. Autora daquele livro sobre sexo. A que convenceu o personal trainer a engravidá-la. Todos conhecem Madonna. Será? Eu
acreditava conhecer. Até um dia em que assisti a uma entrevista com ela na
televisão.
O entrevistador fazia a Madonna as perguntas
normais, às quais ela dava as respostas convencionais. Os dois permaneciam ali,
avançando e retrocedendo, até que o entrevistador introduziu uma pergunta,
falando mais ou menos o seguinte:
- Você tem tudo. É cantora, atriz, escritora.
Tem dinheiro, fama, lugar de destaque na cultura popular dos Estados Unidos.
Foi capa de quase todas as revistas. É não apenas uma figura mundial, é uma
força mundial.
Enquanto ele falava, ela ouvia, meio que
balançando a cabeça em concordância. Até que ele fez a pergunta.
- Você trocaria tudo isso por alguma coisa?
Subitamente o rosto dela se congelou. Os olhos
brilharam, com lágrimas. O lábio tremeu. Ela respirou fundo e respondeu:
- Trocaria por uma mãe.
Eu não sabia que ela perdera a mãe quando era
pequena, e nem o quanto sofrera por isto. Mas as lágrimas me deram uma ideia do
tamanho da dor. E a resposta também. Olhando para ela, afundada na poltrona,
quase como uma menininha, senti uma ternura súbita por ela. Então, entendi.
Madonna ficou grávida para poder ser a mãe de uma garotinha, a mãe que não
teve. Ver a dor dentro dela me ajudou a amá-la. E a esperar, com esperança,
para ver como seu bebê fará com que ela mude à medida que o tempo passar.
Não precisei esperar muito. Estava na fila do
supermercado e vi uma fotografia dela na capa do guia de televisão (TVG), com o
título da reportagem: "Madonna Confidencial". Fiquei me perguntando se a
entrevista ajudaria a explicar as lágrimas que vi em seus olhos. Verifique você
mesmo:
TVG – Seus amigos dizem que você está mais em
paz desde que seu bebê nasceu.
Madonna – Lembro-me de quando
fui para o hospital. Pensei: "Ainda não tenho um bebê, mas, em algumas horas,
terei, e serei uma pessoa completamente diferente." Acredito que este
acontecimento é como cruzar uma fronteira entre dois países.
TVG – Entrando em um território feminino.
Madonna - Sim! Acho que fui
obrigada a encarar meu lado mais feminino. Minha visão do mundo era muito
masculina. Dividir e conquistar. Cresci sem mãe, minha atitude para com o mundo
foi sempre de não precisar de ninguém, não confiar em qualquer pessoa. Estar
sempre em guarda. Não é possível viver dessa forma com uma criança.
TVG – Será que ter um bebê, especialmente uma
menina, a ajudou a curar a dor que sentiu por perder sua mãe tão cedo?
Madonna – O efeito foi
incrível. Eu sentia falta e ansiava pelo amor incondicional que as mães sentem
por seus filhos. Minha filha me proporciona o mesmo tipo de relacionamento. É
como o primeiro amor, verdadeiro, puro e incondicional. Desde que tenho
consciência de mim como pessoa, é a primeira vez que me acontece isso. ...
*************
Você conhece Madonna ou, assim como Ken Gire,
apenas acreditava conhecer? Surpreendeu-lhe a resposta dada por ela à pergunta repetida
abaixo?
- Você trocaria tudo
isso (dinheiro, fama, lugar de destaque na cultura popular) por alguma coisa?
- Trocaria por uma
mãe.
E diante das
duas possibilidades citadas na terceira linha acima – conhecer ou apenas acreditar
conhecer -, termino esta postagem dizendo que acredito que Madonna esteja entre
aqueles (as) que conhecem A Importância
da Mãe.
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