Quando eu digo que sem "coincidir palavras e atitudes" todo o resto
pode ser abandonado me baseio inclusive na PNL – Programação Neuro Linguística
que diz: O que uma pessoa acredita, o que pensa ser possível ou impossível,
determina o que pode, ou não, fazer. Há uma velha frase que diz: "Quer
você acredite que pode fazer uma coisa, ou acredite que não pode, você está
certo". De uma certa forma é verdade, pois quando você não acredita que
possa fazer alguma coisa, está mandando mensagens coerentes ao seu sistema
nervoso, que limitam ou eliminam sua capacidade de conseguir aquele mesmo
resultado. Se, por outro lado, estiver consistentemente enviando congruentes
mensagens ao seu sistema nervoso que dizem que pode fazer alguma coisa, ele
então avisa seu cérebro para produzir o resultado que deseja e isso abre a
possibilidade para que aconteça.
O parágrafo acima foi extraído do livro Poder Sem Limites, de Anthony Robbins.
Por que resolvi usá-lo para iniciar esta postagem? Porque, acreditar, ou não,
que Dias melhores virão é algo que,
no meu entender, tem tudo a ver com o que nele é dito. Feito este preâmbulo, segue
a primeira de três partes nas quais dividi uma reportagem de Raphaela de Campos
Mello, intitulada Dias melhores virão,
publicada na edição de março de 2017 da revista Bons Fluidos.
Dias melhores virão
Enquanto muitos apontam para o
apocalipse, o filósofo e escritor Charles Eisenstein acredita na emergência de
um mundo onde o senso de comunidade prevalece sobre a cisão entre os seres.
Violência, intolerância, desequilíbrio
ambiental, crise econômica, social e política. O mundo não vai nada bem. Como
efeito colateral, a perspectiva do colapso em escala planetária cava dentro de
nós o abismo da incerteza – terreno fértil para o medo. "O que será do
amanhã?", todos se perguntam. Pois há quem vislumbre nessa turbulência o
raiar de tempos melhores. É por isso que o primeiro livro traduzido para o
português do filósofo e escritor americano Charles Eisenstein ganhou o
auspicioso título de O Mundo Mais Bonito
Que Nossos Corações Sabem Ser Possível (ed. Palas Athena, R$ 52,00, 328
págs.).
Ativista da economia
da dádiva, baseada na partilha da riqueza desvinculada do crescimento
econômico, Eisenstein acredita na capacidade criadora de cada indivíduo para
transformar todas as esferas da atividade humana. Mas, para chegarmos a esse
ponto, ele enfatiza, precisamos deixar para trás o velho paradigma calcado no
individualismo e no materialismo. "O mundo que conhecemos não está
funcionando mais. Temos que urgentemente resgatar o sentido de comunidade",
ele propôs à plateia do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, onde ministrou no
final de novembro a palestra Repensar o Mundo: As Transformações Econômicas,
Políticas e Pessoais. BONS FLUIDOS acompanhou a passagem
do pensador pelo Brasil e depois conversou com ele por Skype. A seguir, os
porquês do otimismo dele.
Nesse momento de crise ecológica, social, política e
econômica, a insegurança e o medo crescem entre as pessoas. Como deveríamos
reagir a tudo isso que nos aflige?
Quando aquilo que
conhecemos começa a desmoronar, somos incitados a sentir culpa e raiva e, mais
que isso, a encontrar inimigos. É importante recusar esses convites. Com quem
quer que estejamos interagindo devemos fazer o esforço de indagar: "Como é
estar na pele dessa pessoa? Como é estar na pele do meu oponente político? Qual
é a história dele? Se eu estivesse no seu lugar me comportaria da mesma
maneira?". Devemos praticar esse exercício até mesmo com as pessoas que
consideramos as mais malvadas. Se compreendermos isso, estaremos vivendo na
realidade – na qual estamos todos interligados – e não numa projeção de
separação criada por nós e que consideramos real.
Você enxerga uma transição entre um mundo em franco colapso
e o nascimento de uma nova realidade. Afinal, o que exatamente estamos deixando
para trás e o que estamos semeando para colher adiante?
Estamos deixando para
trás o que chamo de "história da separação": separação entre homem e
natureza, entre os seres humanos, entre indivíduo e comunidade. É a ideologia
da separação que está destruindo o planeta e a sociedade, que está gerando
todas as crises que enfrentamos atualmente, porque parte desse paradigma está
ancorado na competição. Claro que certa dose de competitividade é natural, mas
atingimos uma escala excessiva e artificial gerada pelo sistema econômico
vigente que nos faz sentir apartados uns dos outros.
A verdade é que essa
crise não irá desaparecer tão cedo. Muito pelo contrário, ela ficará cada vez
pior. Tal cenário só poderá ser transformado quando o que consideramos "normal"
entrar em colapso. Daí então surgirá espaço para o novo. O mundo que conhecemos
não está funcionando mais. Temos que urgentemente resgatar o sentido de
comunidade. E lembrar que a todo momento podemos fazer escolhas e decidir que
futuro queremos ajudar a construir.
"Estamos deixando para trás uma história de
separação: entre o homem e a natureza, entre os seres humanos e entre o
indivíduo e a comunidade"
Por que nos sentimos tão distantes uns dos outros se a
tecnologia está aí para conectar pessoas e ideias?
A tecnologia supre
apenas parte da necessidade humana de conexão. E leva a alguns paradoxos. Por
exemplo, quando estamos face a face com alguém, é custoso chamar essa pessoa de
idiota e mandá-la para o inferno. Mas na internet as pessoas fazem isso o tempo
todo justamente porque não se trata de uma conexão real. A tecnologia cumpre o
importante papel de aproximar as pessoas ao redor do mundo, sem dúvida, mas, se
ela se torna o único modo de contato, os indivíduos se tornam solitários, pois
sua necessidade de obter outros tipos de ligação não está sendo suprida.
Nos Estados Unidos, as
pessoas passam a maior parte do tempo dentro de suas casas, plugadas em suas
TVs, computadores e videogames, e o mundo lá fora é um mundo de estranhos,
desconfortável. Mesmo a própria vizinhança. Só que em um mundo como esse não há
comunidade. Seres humanos precisam sentir que são conhecidos por seus pares, e
vice-versa – eis uma necessidade emocional profunda. Quando estão na rua
precisam sentir como se estivessem em sua própria casa. Temos que voltar a nos
sentir íntimos das pessoas e da natureza.
Pode falar mais sobre esse resgate?
Quando toda pessoa é
um estranho, e também toda árvore, toda planta, todo animal; quando obtemos
tudo de longe – nossa água vem de canos; nossa comida, de fábricas distantes;
nosso entretenimento e nossas amizades, da internet -, nunca nos sentimos em
casa. Parece que sempre, independentemente de onde estamos, vivemos algo fake.
E a verdade é que temos uma profunda necessidade de recobrar essas conexões
perdidas. O que nos foi dito sobre quem somos é que somos seres separados,
indivíduos em um mundo de outros; que a nossa felicidade, o nosso bem-estar e
até mesmo a nossa existência não dependem do mundo à nossa volta; que, enquanto
tivermos dinheiro, segurança e controle suficientes, ficaremos bem. Mas tudo
isso é uma grande mentira.
Continua na próxima terça-feira
Nenhum comentário:
Postar um comentário