terça-feira, 29 de novembro de 2016

Faça sempre o bem

"Faça sempre o bem; você contentará alguns e deixará os demais perplexos." Essa recomendação de Mark Twain (1835 – 1910) foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao ler uma matéria intitulada A bondade de estranhos, publicada na edição de outubro de 2016 da Revista Seleções do Reader’s Digest. Matéria que começa assim: "Pedimos aos leitores histórias de compaixão que viveram. Aqui estão 15 que tocaram a vida deles... e nosso coração". Com o devido consentimento da Revista Seleções, aqui estão quatro dos quinze episódios de bondade nela relatados. Após algumas postagens focalizando a solução para os nossos conflitos, creio que o estímulo à prática do bem seja uma boa ideia a ser espalhada.
O vestido de minha neta
Vi num brechó um vestido que minha neta adoraria. Mas o dinheiro andava curto, e perguntei à dona da loja se ela o guardaria para mim.
- Posso comprar o vestido para você? – perguntou outra freguesa.
- Obrigada, mas não posso aceitar um presente desses – respondi.
Então ela me contou por que achava tão importante me ajudar. Ela passara três anos morando na rua e, se não fosse a bondade de desconhecidos, não teria conseguido sobreviver.
- Não moro mais na rua, mas prometi a mim mesma que retribuiria a bondade que tantos tiveram comigo.
Ela comprou o vestido e o único pagamento que aceitou em troca foi um abraço sincero.
Stacy Lee, Columbia, Maryland
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Ela me guiou
Na saída de uma festa, peguei a estrada errada e me perdi. Parei no acostamento e liguei para a seguradora. A atendente tentou me pôr em contato com a polícia rodoviária, mas não conseguiu. Ao perceber o pânico em minha voz, a moça recorreu ao plano B: "Você está aqui perto e meu turno termina agora. Fique aí que eu a encontro."
Dez minutos depois, ela apareceu de carro e me guiou, e não só até a estrada certa como até a saída correta da estrada. Então, com um aceno de adeus, sumiu na noite.
Michelle Arnold, Santee, Califórnia
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Dividir o pão
Em dezembro do ano passado, antes do trabalho, parei numa delicatessen e pedi um sanduíche com todos os recheios possíveis no pão francês. Estava bem quentinho e eu mal podia esperar para comer. Mas, quando saí da loja, vi um mendigo idoso sentado no ponto de ônibus. E, imaginando que provavelmente aquela seria sua única refeição quente no dia, dei-lhe o sanduíche.
Mas nem tudo estava perdido para mim. Outra freguesa da loja me ofereceu metade do sanduíche dela. Fiquei felicíssima, porque percebi que, de um jeito ou de outro, todos estamos sendo cuidados.
Liliana Figueroa, Phoenix, Arizona
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Onze quilômetros por mim
No estacionamento, percebi que trancara no carro as chaves e o celular. Um adolescente em sua bicicleta me viu chutar o pneu.
- O que foi? – perguntou ele.
Expliquei a situação.
- Mas, mesmo que eu pudesse ligar para minha mulher – eu disse -, ela não poderia me trazer as chaves, porque este é o nosso único carro.
Ele me entregou seu celular.
- Ligue para ela e avise que eu vou buscar a chave.
- Mas são 11 quilômetros até lá!
- Não se preocupe.
Uma hora depois, ele voltou com a chave. Ofereci uma recompensa, mas ele recusou. Como um caubói do cinema, partiu rumo ao pôr do sol.
Clarence W. Stephens, Nicholasville, Kentucky
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"Ela comprou o vestido e o único pagamento que aceitou em troca foi um abraço sincero." - disse Stacy Lee. Será que, para quem já é capaz de praticar o bem, um abraço sincero não é, por si só, um pagamento suficiente para o seu ato de bondade? – pergunto eu.
"Dez minutos depois, ela apareceu de carro e me guiou, e não só até a estrada certa como até a saída correta da estrada. Então, com um aceno de adeus, sumiu na noite." – disse Michelle Arnold. Com um aceno de adeus e com a impagável satisfação por ter feito algo de bom a alguém sem esperar alguma retribuição – digo eu.
"Outra freguesa da loja me ofereceu metade do sanduíche dela. Fiquei felicíssima, porque percebi que, de um jeito ou de outro, todos estamos sendo cuidados." – disse Liliana Figueroa. Sim, "de um jeito ou de outro, todos estamos sendo cuidados". Cuidados por algumas leis naturais que a imensa maioria insiste em não querer enxergar, dentre elas uma que talvez possa ser denominada lei do retorno. Lei, segundo a qual o bem e o mal que se pratique sempre retornarão para quem os praticar. No caso de Liliana, o retorno ocorreu imediatamente, mas em uma imensa quantidade de vezes ele ocorre posteriormente, em seu devido tempo, porém jamais deixará de ocorrer – digo eu.
"Ofereci uma recompensa, mas ele recusou. Como um caubói do cinema, partiu rumo ao pôr do sol." – disse Clarence W. Stephens. Será que, para quem já é capaz de praticar o bem, a satisfação sentida após a prática de um ato de bondade não é, por si só, uma magnífica recompensa? – pergunto eu.
A quem quiser ler os outros onze episódios relatados na matéria da Revista Seleções, sugiro a compra da revista; a quem quiser aumentar a lista de episódios, sugiro incluir entre "as melhores práticas" a recomendação de Mark Twain: "Faça sempre o bem; você contentará alguns e deixará os demais perplexos." Será que colocar em prática tal recomendação implica em contribuir para tornar este mundo um lugar melhor? O que vocês acham?
Em tempo: Nossa Segunda Ocupação: fazer pelos outros (I) e Nossa Segunda Ocupação: fazer pelos outros (final), publicadas em dezembro de 2012, são duas postagens que têm tudo a ver com a recomendação de Mark Twain.

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