"Faça sempre o bem;
você contentará alguns e deixará os demais perplexos." Essa recomendação
de Mark Twain (1835 – 1910) foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao ler uma
matéria intitulada A bondade de estranhos,
publicada na edição de outubro de 2016 da Revista
Seleções do Reader’s Digest. Matéria que começa assim: "Pedimos aos
leitores histórias de compaixão que viveram. Aqui estão 15 que tocaram a vida
deles... e nosso coração". Com o devido consentimento da Revista Seleções, aqui estão quatro dos quinze
episódios de bondade nela relatados. Após algumas postagens focalizando a solução
para os nossos conflitos, creio que o estímulo à prática do bem seja
uma boa ideia a ser espalhada.
O vestido de minha
neta
Vi num brechó um vestido que minha neta
adoraria. Mas o dinheiro andava curto, e perguntei à dona da loja se ela o
guardaria para mim.
- Posso comprar o vestido para você? –
perguntou outra freguesa.
- Obrigada, mas não posso aceitar um presente
desses – respondi.
Então ela me contou por que achava tão
importante me ajudar. Ela passara três anos morando na rua e, se não fosse a
bondade de desconhecidos, não teria conseguido sobreviver.
- Não moro mais na rua, mas prometi a mim
mesma que retribuiria a bondade que tantos tiveram comigo.
Ela comprou o vestido e o único pagamento que
aceitou em troca foi um abraço sincero.
Stacy Lee, Columbia, Maryland
*************
Ela me guiou
Na saída de uma festa, peguei a estrada errada
e me perdi. Parei no acostamento e liguei para a seguradora. A atendente tentou
me pôr em contato com a polícia rodoviária, mas não conseguiu. Ao perceber o
pânico em minha voz, a moça recorreu ao plano B: "Você está aqui perto e
meu turno termina agora. Fique aí que eu a encontro."
Dez minutos depois, ela apareceu de carro e me
guiou, e não só até a estrada certa como até a saída correta da estrada. Então,
com um aceno de adeus, sumiu na noite.
Michelle Arnold, Santee, Califórnia
*************
Dividir o pão
Em dezembro do ano passado, antes do trabalho,
parei numa delicatessen e pedi um
sanduíche com todos os recheios possíveis no pão francês. Estava bem quentinho
e eu mal podia esperar para comer. Mas, quando saí da loja, vi um mendigo idoso
sentado no ponto de ônibus. E, imaginando que provavelmente aquela seria sua
única refeição quente no dia, dei-lhe o sanduíche.
Mas nem tudo estava perdido para mim. Outra
freguesa da loja me ofereceu metade do sanduíche dela. Fiquei felicíssima,
porque percebi que, de um jeito ou de outro, todos estamos sendo cuidados.
Liliana Figueroa, Phoenix, Arizona
*************
Onze quilômetros por
mim
No estacionamento, percebi que trancara no
carro as chaves e o celular. Um adolescente em sua bicicleta me viu chutar o
pneu.
- O que foi? – perguntou ele.
Expliquei a situação.
- Mas, mesmo que eu pudesse ligar para minha
mulher – eu disse -, ela não poderia me trazer as chaves, porque este é o nosso
único carro.
Ele me entregou seu celular.
- Ligue para ela e avise que eu vou buscar a
chave.
- Mas são 11 quilômetros até
lá!
- Não se preocupe.
Uma hora depois, ele voltou com a chave.
Ofereci uma recompensa, mas ele recusou. Como um caubói do cinema, partiu rumo
ao pôr do sol.
Clarence
W. Stephens, Nicholasville,
Kentucky
*************
"Ela comprou o vestido e o único
pagamento que aceitou em troca foi um abraço sincero." - disse Stacy Lee.
Será que, para quem já é capaz de praticar o bem, um abraço sincero não é, por si
só, um pagamento suficiente para o seu ato de bondade? – pergunto eu.
"Dez minutos depois, ela apareceu de
carro e me guiou, e não só até a estrada certa como até a saída correta da
estrada. Então, com um aceno de adeus, sumiu na noite." – disse Michelle
Arnold. Com um aceno de adeus e com a impagável satisfação por ter feito algo
de bom a alguém sem esperar alguma retribuição – digo eu.
"Outra freguesa da loja me ofereceu
metade do sanduíche dela. Fiquei felicíssima, porque percebi que, de um jeito
ou de outro, todos estamos sendo cuidados." – disse Liliana Figueroa. Sim,
"de um jeito ou de outro, todos estamos sendo cuidados". Cuidados por
algumas leis naturais que a imensa maioria insiste em não querer enxergar,
dentre elas uma que talvez possa ser denominada lei do retorno. Lei, segundo a qual o bem e o mal que se pratique
sempre retornarão para quem os praticar. No caso de Liliana, o retorno ocorreu
imediatamente, mas em uma imensa quantidade de vezes ele ocorre posteriormente,
em seu devido tempo, porém jamais deixará de ocorrer – digo eu.
"Ofereci uma recompensa, mas ele recusou.
Como um caubói do cinema, partiu rumo ao pôr do sol." – disse Clarence W.
Stephens. Será que, para quem já é capaz de praticar o bem, a satisfação sentida
após a prática de um ato de bondade não é, por si só, uma magnífica recompensa?
– pergunto eu.
A quem quiser ler os
outros onze episódios relatados na matéria da Revista Seleções, sugiro a compra da revista; a quem quiser aumentar
a lista de episódios, sugiro incluir entre "as melhores práticas" a recomendação
de Mark Twain: "Faça sempre o bem;
você contentará alguns e deixará os demais perplexos." Será que
colocar em prática tal recomendação implica em contribuir para tornar este
mundo um lugar melhor? O que vocês acham?
Em tempo: Nossa
Segunda Ocupação: fazer pelos outros (I) e Nossa
Segunda Ocupação: fazer pelos outros (final), publicadas em dezembro de
2012, são duas postagens que têm tudo a ver com a recomendação de Mark Twain.
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