sexta-feira, 27 de junho de 2014

Regra Número 6

Diante do fato de estar vivenciando a primeira edição de uma Copa do Mundo FIFA, disputada após a criação deste blog, com a intenção de não desviar para este (rsrsrs) as atenções que neste período devem estar inteiramente voltadas para esse evento que promove o esporte do qual depende o próprio futuro da humanidade, pois, (segundo uma propaganda lançada há aproximadamente oito meses) a posse deste planeta será decidida em um confronto futebolístico entre terráqueos e extraterrestres, a opção que me restou foi interromper a publicação de postagens.
Porém, considerando que entre os leitores deste blog pode existir quem não aprecie futebol ou quem esteja com vontade de fazer uma espécie de desintoxicação dessa overdose futebolística, pois overdoses costumam ser prejudiciais e dependendo de qual seja a substância usada elas podem ser até fatais, resolvi aproveitar este dia "enforcado" entre o término da primeira fase da Copa e o início da segunda, para publicar esta postagem.
Usar a dose adequada do que quer que seja é uma das grandes sabedorias da vida, e foi em conformidade com a ideia de estimular o uso da dose certa que escolhi o tema desta postagem. Nada em demasia, tudo na dose certa, eis a ideia passada pela postagem.
Foi no longínquo ano 1987 (faz tempo, hein!), em um módulo de um programa denominado CASI – Curso Avançado de Sistemas de Informações, que pela primeira vez ouvi falar da Regra Número 6. Ouvi e jamais esqueci, até porque conhecer tal regra significou descobrir a existência de uma regra que respaldava algo que há muito tempo eu já praticava. O que diz tal regra? "Não se leve demasiadamente a sério". Regra da qual derivam dois corolários: "Não leve ninguém demasiadamente a sério" e "Não leve nada demasiadamente a sério". Indagado sobre quais são as outras regras, o instrutor respondeu que não existem outras. Encerrado aquele módulo, afixei no espaço que me era concedido no local de trabalho um "lembrete" contendo a regra e os dois corolários.
E quatorze anos se passaram até um reencontro com uma referência àquela regra. Foi em 2001, em um livro intitulado A Arte da Possibilidade, de Benjamin Zander e Rosamund Stone Zander, que encontrei em um expositor na biblioteca existente na empresa em que eu trabalhava. Atraído pelo título, peguei-o, dei uma olhada no índice, descobri que seus capítulos são denominados "As Práticas" e que a sexta prática tem o seguinte título A Regra Número 6. São de tal livro os cinco próximos parágrafos.
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Dois primeiros-ministros estavam sentados um uma sala discutindo assuntos de Estado. Repentinamente um homem entrou, em um apoplético estado de fúria, batendo com força seu punho na mesa. O primeiro-ministro local o reprovou: "Peter", disse, "lembre-se gentilmente da Regra Número 6", com o que Peter instantaneamente restabeleceu uma completa calma, desculpou-se e saiu. Os políticos reiniciaram as conversações, mas foram novamente interrompidos vinte minutos depois com uma mulher histérica, que gesticulava agressivamente com os cabelos arrepiados. Mais uma vez o invasor foi recebido com as palavras: "Marie, por favor, lembre-se da Regra Número 6". A mais completa calma sobreveio, e ela da mesma forma se retirou com uma reverência e desculpas.
Quando esta cena se repetiu pela terceira vez, o primeiro-ministro em visita perguntou a seu colega: "Meu caro amigo, já vi muitas coisas em minha vida, mas nada tão notável quanto isso. Você poderia compartilhar comigo o segredo dessa misteriosa Regra Número 6?" "Muito simples, respondeu o primeiro-ministro local. "A Regra Número 6 é ‘Não se leve tão a sério’." "Ah", disse o visitante, "esta é uma regra excelente." Então, após ponderar por uns instantes perguntou, "E quais, devo perguntar, são as outras regras?"- "Não existem outras."
Tenho recebido muitos convites para dar palestras sobre liderança em diversos lugares e, certa vez contei a história da Regra Número 6 para um grupo de executivos de uma empresa européia. Alguns meses depois, quando retornei à mesma cidade, estava perto da empresa e fui convidado pelo presidente para visitá-lo. Fiquei imensamente surpreso ao ver sobre a mesa dele uma placa virada para sua cadeira, com as seguintes palavras, Lembre-se da Regra número 6. (palavras de Benjamin Zander, um dos autores do livro).
O presidente me contou que havia uma placa similar a essa em cada uma das mesas dos gerentes da empresa, com a inscrição em ambas as faces. Ele me disse que o clima de colaboração e coleguismo resultante deste simples ato transformou a cultura da empresa. (palavras de Benjamim Zander).
Humor e risos são o melhor caminho para nos unir em torno de nossas fraquezas, confusões e desentendimentos, sobretudo nos momentos em que nos enchemos de direitos e exigências, humilhamos os outros ou voamos no pescoço de alguém.
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Sim, humor e risos são o que melhor pavimentam o caminho para que consigamos percorrer, satisfatoriamente, essa coisa chamada vida. Sendo assim, a próxima postagem reforçará a importância do humor e do riso em nossas vidas (nesta e nas outras). Postagem que pretendo publicar no próximo dia em que não houver algum jogo da Copa, pois embora eu não esteja entre os que acreditam que a posse deste planeta será decidida em um confronto futebolístico entre terráqueos e extraterrestres, estou entre os que ainda apreciam um bom jogo de futebol. E por bom jogo entendam um jogo que apresente um futebol bonito, seja disputado de forma leal e não apresente interferência da arbitragem. Disputado de forma leal e sem interferência da arbitragem, duas coisas cada vez mais difíceis neste mundo onde o futebol é cada vez mais negócio e menos esporte.

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