sexta-feira, 26 de julho de 2013

A percepção de que tudo está ligado

Considerando que a escolha do texto que ilustraria a mensagem alusiva ao Dia do Amigo fora feita antes da programação das postagens que compõem a sequência iniciada com A face oculta do novo, resolvi usar a postagem Podemos ser como eles? (que encerraria [?] tal sequência) para fazer uma afirmação provocativa para aqueles que, apesar da roda viva em que hoje se vive, ainda conseguem ler com atenção. A afirmação é a seguinte: "Neste momento, interrompo a minha programação de postagens que tenham a ver com a anterior, pois a próxima será alusiva ao Dia do Amigo." Seria verdadeira tal afirmação? Publicada a próxima postagem, nenhum comentário foi feito no blog, mas algumas respostas foram enviadas por e-mail e entre elas apenas a da Valéria Mariz se refere à provocativa afirmação. Eis a íntegra da resposta.
"Feliz dia do amigo, Guedes! Bonita mensagem. E ainda ligada ao tema das postagens anteriores!
Faltam amigos verdadeiros - esse seria mais um fator a contribuir para a crescente taxa de suicídios? Sem dúvida, a distância imposta pela tecnologia também contribui. Paradoxalmente, viabiliza o contato com os que estão distantes e distancia o contato com os que estão próximos!
Abraços,
Valeria"
Ou seja, a resposta da Valéria parece demonstrar que eu teria feito uma afirmação equivocada, pois, ao contrário do que dissera, a referida postagem é ainda ligada ao tema das postagens anteriores. Por que digo parece demonstrar? Porque, a rigor, a afirmação não é equivocada, e eu explico. A afirmação é: Neste momento, interrompo a minha programação de postagens (...). E é na palavra negritada na frase anterior que começa a explicação. Interromper a minha programação seria interromper uma sequência iniciada em A face oculta do novo, uma postagem que contém um artigo publicado na edição de 9 de junho de 2013 do jornal O Estado de S. Paulo. E com a data de tal artigo prossegue a explicação. Antes do dia 9 de junho eu já escolhera a mensagem alusiva ao Dia do Amigo, pois em relação a postagens referentes a datas comemorativas abro mão da intenção de ligá-las à postagem anterior.
Portanto, a ligação ao tema das postagens anteriores, citada pela Valéria, não é resultado da minha programação, e sim de outras que eu acredito que existem, pois, de alguma forma, tudo o que existe está ligado. E é por acreditar nisso que resolvi usar aquela afirmação, aparentemente equivocada, com a finalidade de levar as pessoas a perceberem que tudo está ligado, mesmo diante de afirmações negando possíveis ligações.
Sendo assim, longe de ser um equívoco, a penúltima frase da postagem Podemos ser como eles? é uma lúcida provocação visando aproveitar mais uma oportunidade para defender a ideia expressa no título desta postagem: a percepção de que tudo está ligado. É mais uma tentativa de espalhar a imprescindibilidade da adoção do Raciocínio Sistêmico (tema da quinta postagem deste blog, publicada em 14 de fevereiro de 2011 e que vale a pena ler de vez em quando), pois se, realmente, quisermos construir um mundo melhor, é imprescindível que todos desenvolvam tal raciocínio.
É a percepção de que tudo está ligado que leva pessoas a seguirem a seguinte prática de William James: "Eu agirei como se minhas ações fizessem diferença." E nesta civilização assolada por desgraças variadas, creio que a maior delas seja a falta de tal percepção, pois é essa falta que origina as demais desgraças. E há desgraças demais! É por não perceber que tudo está ligado que as pessoas, equivocadamente, agem como se suas ações não fizessem diferença e consequentemente não contribuíssem para a construção e a manutenção de tudo o que há de ruim nesta insana sociedade. Ou seja, independentemente de as pessoas possuírem ou não a referida percepção, suas ações sempre fizeram e sempre farão diferença em relação à qualidade da sociedade resultante das ações de todos os seus componentes. Portanto, se ainda almejarmos viver em uma civilização que faça jus a essa denominação, é imprescindível atuarmos em prol do desenvolvimento de tal percepção, pois além do mais é a sua falta que mantém vivo e atuante aquele que talvez seja o maior movimento existente neste planeta: o MSN - Movimento dos Sem Noção.
Esclarecido o suposto equívoco e apresentada a defesa da ideia expressa no título da postagem, faço aqui um breve comentário sobre a resposta da Valéria. Em uma reportagem que li há alguns anos, era dito que, segundo um estudo feito nos EUA, os americanos tinham cada vez menos amigos. No artigo que li recentemente (apresentado na postagem A face oculta do novo) Lee Siegel diz que os americanos estão se suicidando cada vez mais. A mensagem passada pela história contada na postagem anterior - Amigos – passa a ideia que o nascimento de uma amizade é capaz de evitar uma morte por suicídio. Portanto, baseando-se apenas no que foi dito neste parágrafo, creio que já seja possível concordar com a opinião da Valéria. Ao distanciar o contato com os que estão próximos, a tecnologia contribui para a falta de verdadeiros amigos e propicia o surgimento de mais um fator a contribuir para a crescente taxa de suicídios. Vocês concordam?
Desfeito o equívoco, digo que da mesma forma que a postagem do Dia do Amigo independeria da antecedente, a de hoje independeria do recebimento de algum comentário referente a provocativa afirmação, mas parece-me óbvio que a resposta da Valéria contribui demais para fortalecer minha defesa da ideia expressa no título desta postagem. Aliás, não é esta a primeira vez que recebo uma excelente resposta da Valéria. Sobre uma delas conversei com ela solicitando-lhe autorização para citá-la em uma postagem deste blog. Postagem que ainda não foi publicada porque ainda não consegui inseri-la na minha programação, mas que algum dia será publicada.
E para encerrar o assunto minha programação, e também a postagem, aqui vai mais uma explicação. Na mesma postagem na qual foi dito que a próxima não teria a ver com a anterior, foi dito também que a questão "Seria desejável ser como eles?" era assunto para depois do Dia do Amigo. E o que aconteceu? Tal postagem foi sucedida por A percepção de que tudo está ligado. Sendo assim, alguém pode ter pensado: dessa vez ele fez uma promessa e não cumpriu. Será? Será que "depois" significa imediatamente após? Bem, se alguém pensou assim, aqui sim há um equívoco. Equívocos a parte, o certo é que, se nenhuma outra interferir, pela minha programação, a próxima postagem (prevista para a próxima terça-feira) apresentará o texto "Queremos ser como eles?", do extraordinário Eduardo Galeano. Então, até terça.

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