quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A importância de buscar: não saber é formidável (I)

Dando continuidade a mais uma série de postagens focalizando "absurdos", depois de espalhar A arte de desaprender e Esquecer para saber, este blog espalha mais uma ideia estranha: Não saber é formidável. E o faz por meio de um texto intitulado A importância de buscar: não saber é formidável. Copiei-o do livro Não Saber é Formidável! - Modelo Educacional Etievan - A educação para o despertar da consciência e o desenvolvimento do sentimento, de Nathalie De Salzmann de Etievan, publicado em 1989. O trecho a seguir é o primeiro parágrafo do prefácio escrito pelos professores e pais fundadores do Colégio "Los Hipocampitos".
"As ideias expressas neste livro não provêm de leituras nem de elaborações mentais. Todas elas estão enraizadas na experiência direta de sua autora com crianças, adolescentes e adultos, ao longo de mais de quarenta anos de busca. Essas ideias - que melhor seria chamar-se de constatações - têm valor precisamente porque são concretas e práticas, porque se baseiam na observação atenta de crianças, professores e situações educativas no curso de uma vida dedicada a compreender e a ajudar o ser humano".
O Modelo Etievan promove a educação para o despertar da consciência e o desenvolvimento do sentimento, coisas que devem feitas o mais cedo possível, mas para quem não teve a felicidade de ser educado segundo tal modelo resta a possibilidade de agora corrigir defeitos causados pela educação que recebeu. Gosto muito da seguinte afirmação de Edward Gibbon: "O homem recebe duas classes de educação. Uma que lhe dão os demais; outra a mais importante, que ele dá a si mesmo". É com a intenção de estimular a segunda classe de educação citada que espalho o texto abaixo.
A importância de buscar: não saber é formidável
Raras vezes nos perguntamos o porquê das coisas e é por isso mesmo que não o vemos. Contudo, o verdadeiramente surpreendente é que existe um impulso que nos acompanha durante toda nossa vida. Esse impulso essencial é buscar. Já nas primeiras brincadeiras de esconde-esconde, nos jogos de palavras cruzadas, quebra-cabeças e adivinhações, nos aproximamos de uma busca. Todas essas atividades estão relacionadas ao ato de buscar. Mesmo aquelas que parecem não relacionadas, como futebol, basquete, voleibol, estão ligadas à busca de uma habilidade, de um acerto. Que criança não gosta de jogar e praticar esportes? A criança, por natureza, é atraída pela busca. Acontece que não a chama assim e nem o adulto a reconhece como tal. Entretanto, a busca é algo que nos faz sentir bem e nos ensina a compreender. O que nos impede de reconhecê-la é a maneira de nos acercarmos dela. Em nossas ideias sobre a educação, damos um lugar prioritário à busca, procurando interessar a criança, motivando-a, buscando junto com ela e compartilhando o entusiasmo dessa coisa extraordinária que é buscar. Às vezes, o resultado pode desconcertar, porque não é o que se esperava. Na busca, não se deve projetar o resultado: deve-se ir aberto. Do contrário não é uma busca.
Na realidade, os seres humanos, na sua maioria, por medo do desconhecido, por temor de uma reação da qual nada sabem antecipadamente, não querem permanecer abertos, projetam o conhecido para se sentir seguros. Deve-se continuar buscando. Devem-se evitar conclusões e afirmações que paralisam ou interrompem a busca. Tem-se que manter uma pergunta viva - e existem tantas...! - O que é a vida? O que é educar e para que educar? Qual a diferença real entre um adulto e uma criança? O que eu compreendo dessa diferença?
Para a criança é importante compreender que nem tudo é perfeito. Que é necessário continuar buscando algo mais satisfatório. Algo melhor. O princípio de uma busca, de um aprender, é abrir-se às perguntas. No entanto, abrir as crianças às perguntas é sempre difícil, porque nós, os adultos, não temos conosco essas perguntas. Colocar-se perguntas não é nada cômodo e o comodismo é que rege nossas vidas.
Contudo, se somos educadores, se somos pais, temos de sacudir esse comodismo e esse desejo de segurança e nos colocar perguntas. Perguntas estas que temos de compartilhar com as crianças - este é o começo de um aprender. Um aprender compartilhado.
A busca é necessária porque, estando a criança diante de uma circunstância qualquer, sem ter uma ideia preconcebida, o ato de buscar abre-a ao desconhecido. Dessa maneira, o fato de não saber deixa de ser um pecado, para tornar-se um incentivo e um interesse para buscar mais. Isto é muito importante, porque, quando se diz a uma criança, que ela é "burra" porque não sabe esta vai acreditar que é inferior às outras. Não terá confiança em si mesma, e sim na sua mente e na importância do saber intelectual. Pior ainda, não buscará e a sua maneira de ser será passiva. Dessa forma sua verdadeira inteligência não se desenvolverá... a verdadeira inteligência só se desenvolve na busca.
Continua na próxima sexta-feira

2 comentários:

Thomas Anerd disse...

Olá amigo! Li seu post com bastante atenção por se tratar de um tema grandioso em meio a tantas bobagens que encontramos na Web.

Deveras interessante e pretendo ler a continuação para poder fazer um comentário mais pujante...

Um abraço.

Guedes disse...

Olá amigo!

Seja bem-vindo ao blog.

Espero que a continuação da postagem também lhe agrade e aguardo seu comentário.

E que novas postagens também sejam de seu agrado e mereçam seus comentários.

Um abraço