Esta postagem apresenta um artigo de Dulce Magalhães publicado na edição de junho de 2012 da revista Amanhã.
Dulce é sócia da Work Educação Empresarial, assina na referida revista uma coluna intitulada Carta de Floripa e é autora de vários livros dentre eles A Paz como Caminho.
Uma conspiração pela paz
Seremos capazes de aprender a conviver em paz? Se não mudarmos o nosso modelo de mundo, quais serão as consequências? Nosso estilo de vida é sustentável? Essas e outras questões inspiraram os diálogos do VI World Peace Forum (WPF), que ocorreu em maio, em Schengen, Luxemburgo. Para quem não sabe, o WPF é um evento anual que conta com a participação de governos, universidades e ONGs, aos moldes do Fórum Econômico de Davos. Sua finalidade é estabelecer condições para a instalação de "ministérios de paz" em diversos países e construir um plano global para o desenvolvimento de uma cultura de paz. Mais de 42 países estiveram presentes nesse fórum - e eu tive a honrosa responsabilidade de fazer a palestra de abertura.
Ao encontrar e compartilhar ideias, sonhos e temores com tanta gente, fiquei com a sensação de que está em curso uma "conspiração" para uma nova realidade. Pessoas de diferentes idades, históricos, profissões, crenças, religiões e idiomas se dispuseram a participar, durante oito dias, de palestras, painéis, oficinas e vivências. Tudo para responder a uma pergunta: como podemos desenvolver, expressar e conviver em paz?
É na mente dos indivíduos que nasce o modelo da guerra e do conflito - e é nela que precisamos plantar as sementes da paz. A educação tem sido a grande estratégia de transformação em diferentes projetos ao redor do planeta. No Brasil, temos exemplos de excelência. Um deles é o programa da Universidade Internacional da Paz (Unipaz), que há 25 anos educa pessoas para uma cultura de paz e já conta com o reconhecimento de órgãos como a Unesco e a ONU. Há muitas instituições, grupos e entidades desenvolvendo projetos de educação para fazer a paz. Além da Unipaz, entidades como a Palas Athena, em São Paulo, movimentos religiosos, universidades federais, Rotarys e Lyons, lojas maçônicas, conselhos estaduais de paz e muitos outros oferecem programas de formação. Muitos deles promovem eventos gratuitos para difundir a mentalidade de uma convivência pacífica e próspera.
Nós somos a medida e a base de nossas próprias relações. É por aí que precisamos iniciar a transformação: pela ecologia individual, pela relação que temos com a gente mesmo. Nada muda enquanto nós não mudarmos. Somos a semente do futuro que queremos. Nossa forma de perceber a realidade determina escolhas, comportamentos e resultados. Assim, de forma individual, moldamos a realidade coletiva.
Nesta edição do WPF, eu tive a oportunidade de conviver com membros de governo, especialistas em política internacional, acadêmicos, líderes comunitários, estudantes e jovens voluntários dos cinco continentes. No final, a sensação que ficou é a de que habitamos uma pequena aldeia global. Apesar da diversidade, encontrei muito mais similaridades do que diferenças entre nós. As aspirações mais humanas por um mundo de paz não se mostram diferentes em função do endereço, idioma, cultura ou idade. Podemos ter diversas palavras para nomear a paz, mas todas elas expressam sentimentos e desejos facilmente compreensíveis.
Muita coisa pode servir para nos separar. Mas o que nos une tem uma força que está além de nós mesmos. Nossas aspirações podem ser o ponto que nos conecta e nos permite transcender qualquer desafio. As fronteiras são invenções humanas baseadas no medo, na posse e no poder. Na carta de fundação da Unipaz, um dos valores de base é ser "ponte sobre todas as fronteiras".
Sejamos tecelões de redes cooperativas que permitam o desabrochar das vocações. É o momento de acordar - ou seja, de dar cor às coisas, despertar. Podemos ser o pontifex, aquele que une o pensamento com a ação. É tempo de ganharmos coerência e manifestarmos congruência.
Está em curso um grande chamado global para o III Festival Mundial da Paz, que vai ocorrer em setembro deste ano, no parque do Ibirapuera, em São Paulo. Como dizia Pierre Weil, primeiro reitor e fundador da Unipaz, a grande arte da vida consiste em passar do amor ao poder para o poder do amor - e, assim, desfazer as amarras autoimpostas.
Do artigo de Dulce Magalhães, selecionei o parágrafo abaixo com a intenção de o lermos diariamente, assimilarmos o que nele é dito, e assim nos tornarmos conspiradores pela paz.
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"É na
mente dos indivíduos que nasce o modelo da guerra e do conflito - e é
nela que precisamos plantar as sementes da paz. (...) Nós somos a
medida e a base de nossas próprias relações. É por aí que precisamos
iniciar a transformação: pela ecologia individual, pela relação que
temos com a gente mesmo. Nada muda enquanto nós não mudarmos. Somos a
semente do futuro que queremos. Nossa forma de perceber a realidade
determina escolhas, comportamentos e resultados. Assim, de forma
individual, moldamos a realidade coletiva."
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