Começo esta postagem repetindo o conceito de religião de Khalil Gibran: Não é a religião todas as nossas ações e reflexões? Sendo assim, tem sentido dizer: eu sou – católico / espírita / evangélico / etc -, mas não praticante? Creio que não. E se religião é todas as nossas ações e reflexões, a maioria dos desentendimentos entre seguidores de diferentes religiões resulta mais de suas práticas equivocadas do que das diferenças entre o que elas propõem.
Quem procurar entender as religiões verá que em relação ao que elas dizem que acontecerá após a morte algumas apresentam enormes diferenças, mas no que tange a como proceder durante esta vida todas pregam valores parecidos. Amor ao próximo, busca da paz, compaixão e melhoria íntima são alguns dos valores comuns. Porém, juntamente com a pregação de tais valores muitas delas fazem uso de cerimônias, rituais e veneração de seus baluartes, e é nestas coisas que residem os problemas.
Em vez de incorporarem os valores pregados, ou seja, de realizarem a reforma íntima, os seguidores optam por tentar demonstrar publicamente – por meio de cerimônias e rituais - que são virtuosos praticantes de tal ou qual religião. Enganam aos outros e a si próprios. Não têm a mesma percepção de Khalil Gibran: Vossa vida cotidiana é vosso templo e vossa religião. É no dia a dia que demonstramos nossa religiosidade e não nos momentos em que vestimos nossas melhores roupas para nos encontrar com quem participa das mesmas cerimônias e rituais. E mais uma vez cito Khalil Gibran: Aquele que veste sua moralidade como veste seus melhores trajes, melhor seria que andasse desnudo. E Krishnamurti diz algo mais ou menos assim: as pessoas vestem suas melhores roupas para comparecer aos templos e deles retornam para fazerem as piores coisas com os seus semelhantes.
Em vez de enxergarem os seres venerados como exemplos a serem seguidos, os praticantes esperam que eles resolvam os problemas que lhes compete resolver. É a velha prática da terceirização religiosa.
Em vez de serem exemplos vivos das mensagens contidas nos “livros sagrados”, os praticantes preferem impressionar plateias com a eloquência com que falam sobre tais mensagens. Isto me faz lembrar um trecho de uma música de outro Guedes - o Beto – que diz: a lição sabemos de cor só nos resta aprender.
Aprender que ser religioso talvez possa resumir-se em uma ideia presente em muitas religiões:
“Não faças a ninguém o que não queres que te façam.”
Creio que basta a prática desta ideia para que o mundo torne-se um lugar onde os praticantes das várias religiões convivam em harmonia. E quando isto acontecer estará confirmado algo que ouvi em um seminário de Robert Happé, no distante ano de 1997, e que jamais esqueci.
“Se você ama a vida não precisa de religião. Você se tornou a religião.”
Por amar a vida entendo amar a todos e tudo que nela existe.
A frase de Robert Happé - dizendo que se amarmos a vida não precisamos de religião - me fez lembrar da famosa música de John Lennon intitulada Imagine, da qual selecionei alguns trechos para encerrar este texto.
“Imagine todas as pessoasVivendo para o hoje
Nada pelo que matar ou morrerE nenhuma religião também
Imagine todas as pessoasVivendo a vida em paz
Nenhuma necessidade de ganância ou fomeUma irmandade de homens
Imagine todas as pessoasCompartilhando o mundo todo
Você pode dizerQue eu sou um sonhadorMas eu não sou o únicoEu espero que algum dia você se junte a nósE o mundo viverá como um só”
2 comentários:
Olá Guedes!
Obrigado pela visita!
Excelente post! Ainda não havia visto.
Não conhecia as opiniões de Khalil Gibran, muito interessante mesmo! E claro, concordo com todas as citações.
Basicamente é isto. "Se você ama a vida você não precisa de religião." É fato!
Agora as pessoas só devem aprender a amar a própria vida para não só largar esses males, mas também outros que as corrói.
Um grande abraço!
Anselmo
P.S: A propósito, gostaria de saber um pouco mais sobre você, seu perfil é muito obscuro!
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