quinta-feira, 30 de junho de 2011

Por que se incomodar?

Esta postagem apresenta alguns trechos de um livro intitulado Vencendo a competição, de Terry Orlick. Eles fazem parte dos “capítulos” Por que se incomodar? e Epílogo sobre a cooperação.
Por que se incomodar?
Tenho certeza que todo o indivíduo comprometido com uma mudança positiva na sociedade já se perguntou: ‘Por que devo me incomodar?’. ‘Será que realmente isso faz alguma diferença?’. Frequentemente pergunto-me se não estou gastando meu tempo escrevendo essas coisas. Mas o que me mantém ativo é o mar de destruição que vejo à minha volta e o reconhecimento do potencial positivo do homem.
Cada vez que acontece alguma atrocidade, cada vez que o potencial para a destruição humana e para a corrupção é fortalecido, ou que aumenta a incidência de crimes violentos (o que acontece diariamente), sinto-me mais obrigado e mais comprometido a fazer alguma coisa.
Para aqueles que acham que nada pode ou precisa ser feito, Erich Fromm tem uma importante mensagem. Ele afirma que o pessimismo funciona em grande parte para proteger os próprios pessimistas de qualquer exigência interior de se fazer alguma coisa, ao proteger a ideia de que nada pode ser feito. Por outro lado, os otimistas se defendem contra a mesma exigência interior persuadindo a si próprios de que tudo está caminhando na direção certa, e, portanto, nada precisa ser feito. A posição que Fromm sustenta é a de uma fé racional na capacidade do homem de desenredar-se do que parece ser a teia fatal das circunstâncias que ele próprio criou. Como ficará claro pela leitura deste livro, nós temos tanto o conhecimento como a capacidade de efetuar uma mudança positiva. Tudo o que precisamos é a motivação coletiva para agir.
Podemos, na verdade, influenciar mais para a mudança do que quaisquer outras pessoas. Sim, podemos fazer alguma coisa. Podemos fazer mudanças positivas, ou, pelo menos, neutralizar a crescente maré de influências negativas.
Talvez não consigamos influenciar a mentalidade de pessoas profundamente preconceituosas. Elas já conhecem a própria realidade e não querem ser confundidas com fatos. Como disse Aronson, as pessoas profundamente preconceituosas são virtualmente imunes às informações. Mas acho que temos esperança legítima de modificar a mentalidade das pessoas moderadamente preconceituosas. E devemos também apoiar aquelas que já estão trabalhando para a realização de vidas cooperativas.
Talvez não possamos alcançar todos os nossos ideais humanistas, mas se não tivermos ideias a perseguir, nunca começaremos a caminhar na direção deles. Resignar-se simplesmente e dizer: ‘É assim que as coisas são, é assim que as pessoas são, todo mundo faz assim, não há nada que possamos fazer’, é estar equivocado e permitir que as gerações futuras sofram por causa das nossas desorientações. O que é hoje, necessariamente não tem que continuar sendo amanhã.
Considerando a direção em que temos nos movimentado e a direção em que precisamos nos movimentar, a declaração feita por Robert Kennedy, pouco tempo antes de ser assassinado, é especialmente relevante para a nossa sociedade: ‘Para que as forças do mal dominem o mundo é necessário apenas que um número suficiente de homens bons não faça nada’. Por isso escolhi me incomodar.
‘Você é um sonhador’, dirão alguns, ‘é um idealista’. Lembro-me então de uma coisa que uma vez ouvi: Quando um homem sonha sozinho, é apenas um sonho; quando muitos homens sonham juntos, é o início de uma nova realidade. Talvez precisemos de mais ‘sonhadores’ cujas visões de hoje lhes permitem vislumbrar um amanhã melhor.
Enquanto procuro palavras conclusivas para o fechamento deste livro fico com a sensação de que sozinho não sou nada e meus ideais se tornam vazios. A força dos meus pensamentos está na capacidade de libertar outras pessoas para sonhar e para agir.
Então, volto ao início, ao prólogo deste livro, perguntando-me: por que me incomodar? Será que gastei meu tempo, registrando todos esses pensamentos? Será que fiz meramente um exercício acadêmico? Fará alguma diferença?
O poder dos sonhos, dos ideais, da mudança está com o povo, com as pessoas comuns... como você e eu.
Por que se incomodar? Porque sempre foram e sempre serão os incomodados que mudaram e que mudarão o mundo para melhor. A maioria, que é formada por acomodados, vive em função da seguinte frase criada por algum deles: “Os incomodados que se mudem”. São acomodados e equivocados, pois a frase correta é: “Os incomodados é que mudam”.

Por que os incomodar com textos como este? Porque o poder dos sonhos, dos ideais, da mudança está com as pessoas comuns... como você e eu. Porque quando muitos sonham juntos, é o início de uma nova realidade.

Por que John Lennon compôs Imagine? Porque se incomodava. Porque imaginava um mundo melhor.
You may say I’m dreamer
Você pode dizer que eu sou um sonhador
But I’m not the only one
Mas eu não sou o único
I hope someday You’ll join us
Eu espero que um dia você se junte a nós
And the worl will live as one
E o mundo viverá como um só
Por que terminar aqui esta postagem? Porque não quero incomodá-los mais.

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