segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Reflexões sobre o Fenômeno do Centésimo Macaco


Segundo Ariston Santana Teles, “Melhor vive quem melhor conhece; e melhor conhece quem melhor interpreta. Daí a necessidade de esforços cada vez maiores na iluminação do raciocínio”. Vejo no Fenômeno do Centésimo Macaco algumas interpretações capazes de proporcionar conhecimentos que nos levem a viver melhor. Com a finalidade de não tornar mais extensa a postagem anterior, deixei para esta a exposição das minhas interpretações.
Foi uma fêmea de um ano e meio quem descobriu a solução para o sabor desagradável que a areia dava às batatas-doces. Ou seja, a solução foi encontrada por alguém pertencente a dois grupos que, na nossa sociedade, não têm muita influência quando o assunto é solucionar problemas - mulheres e jovens. Em uma sociedade na qual existem formadores de opinião, obviamente, existem também descobridores de solução e, em tais grupos, mulheres e jovens não são incluídos. Atuei durante 37 anos no mundo corporativo e constatei tal fato. Nele existe uma máxima: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”. E mulheres e jovens devem ter juízo.
Apesar de não ter atuado nas forças armadas, sei que nelas existe o rígido respeito a ocupantes de postos hierarquicamente superiores. E a máxima que diz que "antiguidade é posto".
Logo, tanto nas forças armadas quanto nas desarmadas, a opinião de mulheres e de jovens não é respeitada. É muito difícil para alguém que se julga superior – por gênero, idade ou hierarquia - admitir que inferiores tenham enxergado algo que ele não viu.
Infelizmente, achar que apenas determinado grupo é capaz de descobrir soluções que melhorem nossa vida é perder a oportunidade de saborear batatas-doces sem o gosto de areia.
Já existem sinais de mudanças, mas as sociedades são lentas na adesão a transformações que beneficiem a todos. Observem que nem todos aderiram imediatamente à prática de lavar as batatas-doces.
“Aos olhos dos cientistas, essa inovação cultural foi gradualmente assimilada por vários macacos.
Entre 1952 e 1958, todos os macacos jovens aprenderam a lavar a areia das batatas-doces para torná-las mais gostosas.
Só os adultos que imitaram os filhos aprenderam esse avanço social. Outros adultos continuaram comendo batatas-doces com areia.”
Por que os adultos têm mais dificuldade para aderir a novos hábitos?
Porque os adultos já se adaptaram à sociedade insana na qual sobrevivem. Sebastião Salgado – famoso fotógrafo brasileiro – disse algo mais ou menos assim, em uma entrevista exibida na televisão: a facilidade de adaptação a qualquer coisa, tida como uma vantagem dos seres humanos, pode ser vista como uma desvantagem, pois faz com que eles se adéquem a tudo, inclusive ao que deveriam rejeitar.
Adultos têm tendência a se acomodar e dizerem-se descrentes quanto a esperar por algo de bom na vida. Não percebem que a maior decepção são eles próprios, por, simplesmente, aguardarem por algo pelo qual nada fizeram por merecer.
Adultos se acostumam mas não deveriam a inúmeras coisas descritas em um extraordinário texto que espalharei na próxima postagem. Ele já foi espalhado por diversas fontes, mas acredito que ainda seja desconhecido por muita gente. Adultos sabem muitas coisas, mas muitas delas não deviam.

2 comentários:

Filha disse...

Gostei bastante desse post. No lugar onde labuto, posso observar frequentemente o descaso com opiniões vindas de mulheres e jovens, como se fossem seres menores. De fato, é uma questão que dá pano pra manga. Esse preconceito - acho que podemos chamar assim - soa ainda mais descabido num mundo onde Mark Zuckerberg, o polêmico criador do Facebook, foi eleito o homem mais influente de 2010, aos 26 anos de idade. Não faço aqui nenhuma apologia, mas é pra se pensar.

Pai disse...

Filha,
Tratar outras pessoas como seres menores é a arma usada pelos arrogantes para se defenderem da insegurança diante do que há de mais difícil na vida: ser capaz de conviver em harmonia. Tanto em escolas de samba quanto na vida, o mais difícil é percorrer o caminho com harmonia. Para esses seres, só resta repetir o pedido feito, há 1977 anos, por um grande mestre que passou por este planeta: “Pai, perdoai-os ... eles não sabem o que fazem“.
E haja perdão!
Beijos