Ouvir a história do “Fenômeno do Centésimo Macaco”, em um seminário da UNIPAZ, despertou o meu interesse em ler o livro no qual ela foi publicada. O título é “O Centésimo Macaco – O Despertar da Consciência Ecológica”, de autoria de Ken Keyes Jr., e foi publicado em dezembro de 1981. No Brasil a publicação ocorreu em 1990, pela Editora Pensamento.
Se ouvir a história despertou o meu interesse em ler o livro, lê-lo despertou o meu interesse em espalhar a ideia nele contida, o que atende, inclusive, o desejo do próprio autor. A edição brasileira traz a seguinte observação: “Este livro não tem direitos reservados. Esse foi o modo que o autor encontrou para que seu conteúdo tivesse a mais ampla divulgação possível. Com esta publicação, a Editora Pensamento associa-se ao esforço de Ken Keyes Jr., no sentido de alertar a humanidade sobre os perigos de uma guerra nuclear”.
Já espalhei a ideia a partir de e-mails e agora volto a fazê-lo por meio deste blog, visando obter o resultado preconizado pelo Fenômeno do Centésimo Macaco, conforme é dito no trecho imediatamente abaixo. Para quem já tenha lido, no e-mail que enviei, segue uma sugestão: vale a pena ler de novo.
No prefácio do livro, Ken Keyes Jr. diz que conheceu o Fenômeno do Centésimo Macaco em palestras de Marilyn Ferguson e Carl Rogers. Esse fenômeno mostra que, quando um número suficiente de pessoas se torna consciente de algo, essa consciência se estende a todos.
Se o livro pretende alertar a humanidade acerca dos perigos de uma guerra nuclear, pelo trecho negritado acima, creio que o Fenômeno do Centésimo Macaco sirva para qualquer ideia que desejemos ver aplicada em nossa sociedade.
Seguem algumas passagens do livro que compõem o que considero o mínimo suficiente para entender o fenômeno.
"O macaco japonês Macaca fuscata vem sendo observado há mais de trinta anos em estado natural.Em 1952, os cientistas jogaram batatas-doces cruas nas praias da ilha de Kochima para os macacos. Eles apreciaram o sabor das batatas-doces, mas acharam desagradável o da areia.Uma fêmea de um ano e meio, chamada Imo, descobriu que lavar as batatas num rio próximo resolvia o problema. E ensinou o truque à sua mãe. Seus companheiros também aprenderam a novidade e a ensinaram às respectivas mães.Aos olhos dos cientistas, essa inovação cultural foi gradualmente assimilada por vários macacos.Entre 1952 e 1958, todos os macacos jovens aprenderam a lavar a areia das batatas-doces para torná-las mais gostosas.Só os adultos que imitaram os filhos aprenderam esse avanço social. Outros adultos continuaram comendo batata-doce com areia.Foi então que aconteceu uma coisa surpreendente. No outono de 1958, na ilha de Kochima, alguns macacos – não se sabe ao certo quantos – lavavam suas batatas-doces.Vamos supor que, um dia, ao nascer do sol, noventa e nove macacos da ilha de Kochima já tivessem aprendido a lavar as batatas-doces.Vamos continuar supondo que, ainda nessa manhã, um centésimo macaco também tivesse feito uso dessa prática.ENTÃO ACONTECEU.Nessa tarde, quase todo o bando já lavava as batatas-doces antes de comer.O acréscimo da energia desse centésimo macaco rompeu, de alguma forma, uma barreira ideológica!Mas vejam só:Os cientistas observaram uma coisa deveras surpreendente: o hábito de lavar as batatas-doces havia atravessado o mar.Bandos de macacos de outras ilhas, além dos grupos do continente, em Takasakiyama, também começaram a lavar suas batatas-doces!Assim, quando um certo número crítico atinge a consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente a outra.O número exato pode variar, mas o Fenômeno do Centésimo Macaco significa que, quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas.Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga, de modo que essa percepção é captada por quase todos!"
Vejo no Fenômeno do Centésimo Macaco a demonstração da importância de cada um de nós contribuir para criar o que desejamos ver em nossa sociedade. Cada um de nós pode ser o centésimo macaco.
Há controvérsias sobre o homem descender ou não do macaco, o que não discutirei aqui. Mas creio que não deve haver controvérsias sobre a necessidade de cada um de nós começar a fazer alguma coisa para melhorar o mundo em que vivemos. Que tal começarmos a lavar as batatas, macacada? Quem sabe um de nós será o centésimo macaco?
8 comentários:
Guedes,
Muito bom o texto.
Vou divulgar para meus amigos, recomendando seu blog.
Abraços,
José Antonio Saraiva
Amigo Saraiva,
Fico feliz por ter gostado do texto. Obrigado pela recomendação do meu blog.
Abraços,
Guedes
Gosto muito dos textos do Ken Keyes Jr.
Parabéns pelo compartilhamento e pelo blog.
Abraço
Rodrigo Leão
http://atividadesalutar.wordpress.com/
Amigo Rodrigo Leão,
Conheço a sua admiração por Ken Keyes Jr., de quem você já divulgou excelentes textos no seu blog - atividadesalutar. Portanto, lembrei de você ao fazer esta postagem. Obrigado pelo parabéns que me enviou.
Um abraço,
Guedes
Bom texto.
Onde diz "Esse fenômeno mostra que, quando um número suficiente de pessoas se torna consciente de algo, essa consciência se estende a todos."
Me gera uma dúvida. E na ignorância, o desconhecimento ou a falta de consciência das coisas também se propaga para os outros quando chegamos ao centésimo macaco? Essa é a saída para períodos de ignorância na história do homem?
Fica a questão. Abraços.
Amigo CJ,
O que é tornar-se consciente? É perceber algo que se faz - e que se ignora que não deveria ser feito - e passar a fazer de outra maneira. O que o fenômeno do centésimo macaco mostra é que, quando um número suficiente de pessoas se torna consciente de algo, essa consciência se estende a todos. Portanto, o que esse fenômeno defende é a propagação da saída da ignorância, mas, para mim, não há dúvida que esta também se propaga. Aliás, de forma muito mais rápida, pois é mais fácil ser ignorante que ser consciente.
Abraços,
Guedes
Nunca soube disto. Muito obrigado em compartilhar. Lerei o livro com toda certeza. Muito obrigado de verdade.
Jefferson
Caro Jefferson,
Não há o que agradecer. No meu entender, a responsabilidade pelo ambiente onde se “con”vive deve ser compartilhada por todos os que o habitam e, sendo assim, cada um que descobrir algo que possa contribuir para melhorá-lo deve compartilhar a descoberta com os demais. Tomara que você encontre o livro, pois com certeza você gostará de lê-lo.
Abraços,
Guedes
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